Solidão Materna: Quando Ser Forte Demais Também Machuca

30/07/2025

Carla parou em frente ao espelho às 23h47, segurando a escova de dentes. A cozinha estava limpa, a medicação do filho organizada, as mensagens dos terapeutas respondidas. Olhando para si mesma, pensou: "Quando foi a última vez que alguém me perguntou como eu estou?"
A resposta veio em silêncio.
Ninguém perguntava.
Porque todo mundo dizia que Carla era forte. Que ela era guerreira. Que ela era inspiração.
Mas, no fundo, Carla queria apenas ser gente. Queria chorar sem ouvir: "Você é tão forte…". Queria colo, não aplausos. Essa é a solidão de milhares de mães atípicas: quando a força vira prisão, quando a fortaleza racha e ninguém percebe que a heroína está desmoronando por dentro.

O que é a solidão materna?

Solidão materna não é estar fisicamente sozinha. Ela é emocional, afetiva, social.
Você pode estar cercada de gente — e ainda assim sentir que ninguém te entende.
Pode ter marido, família, rede social… e mesmo assim se sentir invisível. É como gritar em um quarto cheio e ninguém ouvir. E, se isso acontece com você, entenda: você não está louca. Está sobrecarregada, mal ouvida e mal amparada.

O mito da mãe forte

Vivemos presas a um mito cruel: o da mãe forte.
"Ela dá conta de tudo."
"Ela é exemplo."
"Ela aguenta firme."
Mas quem cuida da mãe que cuida? Quem pergunta como ela está? Quem nota quando o sorriso virou máscara?
Você não tem obrigação de dar conta de tudo. Ser vulnerável não é fraqueza — é sabedoria.

Como construir redes de apoio reais?

A saída para a solidão não é um grupo de WhatsApp qualquer. É criar uma rede viva, que acolha sem julgar, que escute sem dar sermão.

Uma rede de apoio real é:

✔ Um espaço onde você pode ser você — com olheiras, choro e tudo.
✔ Um lugar onde ninguém minimiza sua dor com frases como "mas tem criança que é pior".
✔ Um vínculo onde você não precisa vestir a capa da "mãe guerreira".

Como começar hoje:

  • Fale de verdade com alguém. Não responda "tudo bem" se não estiver.
  • Crie laços com outras mães atípicas. Elas entendem sem legenda.
  • Peça ajuda objetiva — um favor simples já quebra o ciclo da solidão.
  • Ofereça apoio também. Acolhimento é uma via de mão dupla.

Aqui vai um lembrete: você não precisa ser forte o tempo todo. Você só precisa ser você.

Um novo olhar para sua força

A partir de agora, vamos mudar a narrativa: você é forte, sim, mas sua força pode descansar. Sua fortaleza tem rachaduras — e é nelas que a luz entra. Você merece apoio, não apenas aplausos. Você merece afeto, não apenas palmas.

E se hoje ninguém te perguntou como você está…
Nós perguntamos: Como você está de verdade?
Se hoje ninguém te ofereceu colo… que este artigo seja o seu colo.
Você não precisa carregar o mundo sozinha. Você é mãe, mas continua sendo mulher, filha, ser humano.
E você merece o mesmo cuidado que oferece ao seu filho.

Compartilhe este artigo e ajude outras mães a encontrarem acolhimento. O Portal Azul está aqui para lembrar: você nunca vai andar sozinha.


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