Diagnóstico de autismo em adultos ainda enfrenta obstáculos e desconhecimento

08/04/2025

O reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em indivíduos adultos permanece limitado, frequentemente dificultado por estigmas sociais e lacunas no conhecimento, o que compromete a qualidade de vida e a integração social dessas pessoas.

A identificação do autismo após a infância é um processo complexo, que exige uma combinação de autopercepção, avaliação clínica e aceitação pessoal. Embora o diagnóstico precoce seja amplamente incentivado, muitos adultos ainda permanecem por longos períodos sem compreender suas particularidades, o que pode levar a impactos emocionais e funcionais significativos.

Causas do diagnóstico tardio em adultos

Diversos fatores contribuem para a baixa taxa de diagnósticos de TEA em adultos. Um dos principais é a persistente desinformação, tanto por parte do público quanto entre profissionais da saúde, sobre as múltiplas manifestações do espectro autista. Durante décadas, prevaleceu a ideia de que o autismo seria detectável apenas na infância, geralmente associado a comportamentos mais evidentes, como ausência de fala ou repetição extrema de ações.

A visão limitada acerca do transtorno, muitas vezes vinculada a quadros severos de deficiência, deixou de contemplar a diversidade de manifestações existentes no espectro. Como resultado, sinais mais sutis frequentemente passam despercebidos ou são confundidos com questões emocionais ou traços de personalidade.

A escassez de formação adequada entre os profissionais de saúde também contribui para esse cenário. Muitos adultos autistas relatam terem frequentado consultas e terapias por anos sem obter um diagnóstico conclusivo, o que gera frustração e impede o acesso a abordagens terapêuticas mais eficazes.

Consequências do diagnóstico tardio

Receber o diagnóstico de autismo na vida adulta pode representar, para muitas pessoas, um momento de alívio por finalmente compreenderem suas vivências, mas também pode trazer à tona sentimentos de angústia e questionamentos.

Muitos relatam um processo de autodescoberta marcado por conflitos internos. Ao mesmo tempo em que há uma sensação de libertação, surgem reflexões sobre os desafios enfrentados anteriormente sem suporte adequado. Nesses casos, é comum a associação do diagnóstico tardio a quadros de depressão, ansiedade e baixa autoestima.

A ausência de um diagnóstico precoce também dificulta a adaptação em contextos educacionais e profissionais. Muitos adultos com TEA relatam dificuldades em manter vínculos empregatícios, estabelecer relações interpessoais e participar de atividades sociais, muitas vezes por falta de compreensão e apoio adequado ao seu perfil neurológico.

Sinais que podem indicar autismo na idade adulta

Reconhecer indícios do transtorno em adultos requer atenção especializada, dado que as manifestações nem sempre são evidentes. Entre os principais sinais que podem indicar a presença de TEA estão:

  • Dificuldade em compreender expressões faciais, entonações e linguagem corporal;

  • Forte necessidade de rotinas fixas e resistência a mudanças inesperadas;

  • Interesse intenso e focado em temas específicos, com dedicação aprofundada;

  • Hiper ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais, como sons, luzes e texturas;

  • Dificuldade em estabelecer e manter relações sociais e afetivas;

  • Intensa ansiedade em situações sociais, com necessidade frequente de períodos de isolamento.

A identificação desses sinais deve ser realizada por profissionais qualificados, que poderão conduzir uma avaliação detalhada e orientar o indivíduo quanto às possibilidades de suporte e intervenção adequadas.

*Esta matéria foi embasada em texto da terapeuta ocupacional Silvia Neri Marinho (Crefito 3 14036-TO), especialista em Análise do Comportamento Aplicada, Co-founder da Clínica Formare e membro do Brazil Health


Portal Azul - Informações: (61) 98678.4193 - WhatsApp (enviar mensagem)