A Fila Invisível das Terapias: a Realidade que o Brasil Insiste em Não Ver

22/11/2025
“Há esperas que doem. Mas nenhuma mãe solta a mão do filho enquanto luta por dignidade.”
“Há esperas que doem. Mas nenhuma mãe solta a mão do filho enquanto luta por dignidade.”

Famílias atípicas enfrentam meses — às vezes anos — de espera por terapias essenciais no SUS, enquanto lutam diariamente para garantir dignidade, desenvolvimento e direitos para seus filhos. O Portal Azul levanta a voz por quem não pode esperar.

Introdução

No Brasil, há filas que aparecem em planilhas. E há filas que ninguém vê — mas que doem todos os dias.
A chamada fila invisível das terapias é a realidade cruel enfrentada por milhares de famílias atípicas, especialmente aquelas que dependem exclusivamente do SUS para acessar atendimentos essenciais como fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e acompanhamento multidisciplinar.

É uma espera silenciosa que atrapalha o desenvolvimento, cansa emocionalmente os pais e esgota financeiramente quem tenta suprir, do próprio bolso, aquilo que deveria ser garantido pelo Estado.

Enquanto isso, movimentos como o Portal Azul (www.portalazul.com.br) tentam transformar dor em propósito, mobilizando famílias, profissionais e voluntários para apoiar quem vive, todos os dias, a batalha pela inclusão e pelo cuidado digno.

O que significa esperar por uma terapia que não chega?

Para muitas famílias, o atraso no início das terapias representa mais que frustração: significa perda de janelas preciosas de desenvolvimento.

A fonoaudióloga Dra. Júlia Fernandes, especialista em autismo, explica:

"Cada mês sem intervenção é uma oportunidade perdida. A criança não deixa de evoluir, mas evolui com mais esforço, mais ansiedade e mais desafios que poderiam ser minimizados com atendimento precoce."

Ainda assim, não existe fila oficial para terapia no SUS. Não há transparência.
O que existe são mães e pais que ligam toda semana, anotam protocolos, pedem ajuda, esperam… e continuam esperando.

A fila existe — só não está escrita.

O peso emocional sobre as mães atípicas

Elas carregam agendas, laudos, pareceres, protocolos, esperanças — e, muitas vezes, a culpa por não conseguirem garantir o que os filhos precisam.

A psicóloga Carolina Melo, que atende famílias atípicas, afirma:

"A sobrecarga emocional é gigantesca. As mães não descansam porque sentem que, se pararem, tudo desmorona. A falta de políticas públicas adequadas agrava crises de ansiedade, depressão e exaustão."

É comum que essas mulheres precisem abandonar o emprego, reduzir carga horária ou depender de parentes para não deixar a criança desassistida.

A sociedade ainda não entende totalmente o que significa viver uma rotina de terapias, crises sensoriais, demandas escolares e noites mal dormidas.
Mas o corpo sente. A alma sente. E as famílias pedem socorro.

Movimentos que surgem para preencher o vazio do Estado

É nesse cenário que nasce a força de movimentos sociais como o Portal Azul, um espaço criado para acolher, orientar e apoiar famílias que convivem com o autismo e outras deficiências.

O Portal Azul oferece:

  • conteúdos de orientação e direitos;
  • cursos e capacitações;
  • rede de apoio emocional;
  • encontros e palestras;
  • mobilização social;
  • amplificação das pautas de inclusão.

Para muitas famílias, o Portal Azul é o que sobra quando o SUS falha.
É onde elas encontram voz, orientação e, principalmente, pertencimento.

Como disse Ana Cláudia, mãe atípica e participante do movimento:

"Não é só sobre terapia. É sobre ser vista. É sobre não se sentir sozinha numa batalha que ninguém escolheu enfrentar."

Conclusão — Ninguém deveria aprender a esperar pelo que é urgente

A fila invisível das terapias é uma ferida aberta no país.
E, enquanto ela não for encarada com seriedade, continuaremos perdendo tempo valioso — o tempo que define o futuro das crianças.

As famílias não estão pedindo milagres.
Estão pedindo direitos.
Estão pedindo dignidade.
Estão pedindo que o Estado veja o que elas vivem todos os dias.

É hora de transformar silêncio em mobilização.

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Fortaleça essa causa.
Quando uma família atípica avança, toda a sociedade avança junto.