3º Simpósio Capixaba de Neurociências destaca integração entre educação, ciência e autismo

Evento em Vitória promoveu debates sobre TDAH, autismo feminino e novas abordagens pedagógicas baseadas em evidências científicas
O 3º Simpósio Capixaba de Neurociências, Educação e Autismo reuniu, nos dias 10 e 11 de outubro, em Vitória (ES), profissionais da saúde, da educação e pesquisadores de diferentes áreas para uma troca de experiências e saberes científicos. Organizado pelo Instituto Alfabetizar, o evento foi reconhecido como uma importante ação científica e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Aracruz.
Com o propósito de valorizar a produção científica nacional e fortalecer o diálogo entre neurociência e práticas pedagógicas, o simpósio consolidou-se como um espaço de formação continuada para quem atua com desenvolvimento humano e inclusão educacional.
Encontro multidisciplinar promove troca de experiências e saberes
Durante os dois dias de programação, os participantes acompanharam palestras e mesas-redondas que abordaram temas como cognição, metacognição, aprendizagem, transtornos de aprendizagem, emoção e uso de psicofármacos. Também estiveram em pauta o Transtorno Dismórfico Corporal, o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as funções executivas.
A coordenadora do setor Intersetorial da Semed, Giucirlene Pereira de Bortoli, destacou o caráter prático das discussões.
"Durante esses dois dias tivemos a oportunidade de participarmos de uma troca enriquecedora entre conhecimentos científicos e experiências práticas com profissionais renomados e comprometidos em transformar teoria em prática. A equipe da Semed pôde compreender e aprofundar os conhecimentos sobre a interseção entre neurociências, ensino e desenvolvimento humano. Cito como exemplo a palestra do neurologista Dr. Rafael Rangel, que atende nossos estudantes. Ele falou muito sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)", afirmou.
Autismo feminino e diagnóstico tardio ganham destaque no evento
Um dos momentos mais marcantes do simpósio foi a palestra da médica Dra. Paula Rangel, que abordou o tema "Autismo Feminino: A invisibilidade, diagnóstico e desafios enfrentados por meninas e mulheres autistas". A especialista apresentou dados e reflexões sobre como o diagnóstico tardio, aliado aos estereótipos de gênero e à desinformação, afeta a vida das mulheres autistas desde a infância.
A coordenadora do setor de Educação Especial e Inclusiva, Andresa Angela Pandolffi Santosi, ressaltou a relevância do tema para o cotidiano escolar:
"Esse tema foi de extrema importância, pois se trata de uma realidade em que vivemos. E para nós que trabalhamos diretamente com educação, aprender mais sobre isso amplia nosso leque de visão para levarmos nosso aprendizado para as salas de aula."
O debate contribuiu para ampliar a compreensão sobre as especificidades do autismo feminino e reforçar a necessidade de diagnósticos mais sensíveis às diferenças de gênero — um desafio ainda recorrente nas políticas públicas e nos ambientes educacionais.
A dança como ferramenta de escuta e transformação
Outra apresentação que chamou a atenção foi "Dança e Neuro Divergência: Movimento, Emoção e Cognição em Harmonia", conduzida pela psicomotricista e bailarina profissional Lu Braga. A proposta explorou como o movimento corporal pode ser uma forma de comunicação, escuta e transformação emocional, sobretudo em contextos de neurodivergência.
A atividade mostrou que a dança, além de expressão artística, pode ser um instrumento de desenvolvimento cognitivo e afetivo, fortalecendo a relação entre corpo, mente e aprendizado.
Segundo a palestrante, compreender o movimento como linguagem permite criar pontes entre o mundo interior das pessoas neurodivergentes e as práticas educativas baseadas na empatia e no cuidado.
O 3º Simpósio Capixaba de Neurociências, Educação e Autismo reforçou a importância da união entre ciência e prática pedagógica. Ao reunir especialistas e educadores em um mesmo espaço, o evento reafirmou o compromisso coletivo com a inclusão, a pesquisa e a construção de uma educação baseada em evidências, respeito e sensibilidade humana.
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